Sugestões do editor

Simonetta Vespucci: mais bela e desejada que Mona Lisa.
14nov

Simonetta Vespucci: mais bela e desejada que Mona Lisa.

Simonetta Vespucci, a musa do Renascimento que inspirou Botticelli e superou a Mona Lisa em…

Michelangelo, Van Gogh: Quem ensinou os mestres da pintura?
08nov

Michelangelo, Van Gogh: Quem ensinou os mestres da pintura?

Professores que moldaram gênios. As obras dos mestres dos mestres. Quem mais influenciou seus alunos?

O Câncer de Mama nas Obras-Primas da Pintura
27out

O Câncer de Mama nas Obras-Primas da Pintura

O câncer de mama, uma doença que atravessa séculos, foi capturado de forma sutil, mas…

Postagens Recentes

Notre-Dame: Catedrais sob bombardeio.

As fotos mostram sacos de areia empilhados contra a Catedral para tentar evitar os danos da guerra.

Pulmão de Aço : A ciência contra o medo

Houve um tempo em que para respirar era necessário uma máquina chamada pulmão de aço.

Cliff House: A casa do abismo

Há casas que parecem nascer destinadas à ruína, a Cliff House, erguida sobre os penhascos de São Francisco, foi uma delas.

Show dos Beatles: Público de 18 pessoas

"Muitas vezes me pergunto como esses jovens se lembram da noite em que os Beatles chegaram a Aldershot e quase ninguém foi vê-los."

Evelyn McHale: “O Suicídio Mais Bonito” é arte?

Não há beleza alguma no suícidio

Por mais que se force, não há beleza alguma no suícidio. Não se relativiza a dor em nome da arte. Porém, a morte de Evelyn McHale foi parar nas galerias pelo mundo, e, não obstante, ainda chegou às galerias com a fama do titulo dado pela revista Life, que publicou a impactante fotografia, tirada por Robert C. Wiles, em página inteira na edição de 12 de maio de 1947, como “O Suicídio Mais Bonito”. Assustador.
 

A vitima em segundo plano

O drama motivacional do ato ficou em segundo plano. Portanto, foi discutido nos artigos de jornais e revistas da época, não o processo que leva alguém a cometer o devaneio de se auto castigar, mas a “beleza” final que se alcançou com a queda de uma  altura de 320 metros ou 86 andares. Este é um ótimo exemplo da estetização máxima da Morte. O corpo de Evelyn McHale, segundo a anatomia de uma espécie de vizagismo a lá Andy Warhol, repousou belíssimamente ( uma obra de arte?) sobre o capô de um carro.
 

A estética da morte cinematográfica

O leitor deve estar lembrando que já viu em algum filme um corpo caindo do alto de um prédio sobre um carro. Isso mesmo, vários filmes já assimilaram essa estatética: a estética da morte cinematográfica inspirada no suícidio de Evelyn McHale.
A Revista Life descreveu a cena com precisão perturbadora:
“Na base do Empire State Building, o corpo de repousa em um esquife grotesco, seu corpo em queda atingido no teto de uma limusine Cadillac da Assembleia das Nações Unidas.”

 

O Bilhete de Despedida de Evelyn McHale

No bolso do casaco de Evelyn – prossegue a Revista Life – as autoridades encontraram um bilhete de suicídio escrito com calma e clareza. Nele, ela fazia um pedido direto e doloroso:
“Não quero que ninguém, dentro ou fora da minha família, veja nenhuma parte de mim. Poderiam cremar meu corpo? Imploro a vocês e à minha família: não façam nenhum velório ou homenagem para mim.”

Havia também trechos riscados, revelando o peso emocional que carregava. Entre eles:
“Meu noivo me pediu em casamento em junho. Acho que não seria uma boa esposa para ninguém. Ele está muito melhor sem mim.” E, por fim, uma frase que ecoava traumas familiares: “Diga ao meu pai que herdei muitas das tendências da minha mãe.”
Essas palavras, aliadas à construção do artigo que pautava sobre a serenidade da fotografia, criaram um contraste que até hoje intriga psicólogos, fotógrafos e historiadores. Ainda, precisa-se somar ao todo o sensacionalismo na abordagens do fato pelos períodicos: O Pittsburgh Post-Gazette disse: “Mulher incrédula se atira para a morte”, e o Chicago Tribune afirmou: “Com medo de casar, jovem se atira do Empire State e morre”.
 

Por Que a Foto de Robert Wiles é Considerada uma Obra-Prima Macabra?

Anos depois, críticos e comentaristas tentaram explicar o impacto quase hipnótico da imagem. Um deles observou:
“A mão enluvada de Evelyn parece estar tocando serenamente seu colar de pérolas, e suas pernas estão cruzadas nos tornozelos como se estivesse apenas tirando uma soneca.”
Outro comparou:
“Evelyn McHale entrará para a história como algo semelhante a um anjo caído — tão comovente e icônica quanto Marilyn Monroe.”
Andy Warhol usou a foto em uma de suas séries “Death and Disaster”. Joséphine Wister Faure criou uma escultura em técnica mista do carro atingido pelo corpo de Evelyn. Katy Perry lançou o álbum Unconditionally, onde o design da capa do álbum é uma representação do suícidio de Evelyn, só para citar estes três como exemplo.
Evelyn não estava “tirando uma soneca serena”. Ela estava morta. Seu crânio estava fraturado, seus órgãos internos destruídos pela queda de 320 metros. A aparência “elegante” — pernas cruzadas, mão no colar de pérolas, maquiagem intacta — é apenas um acidente macabro da física e do impacto.
A carta deixada revela depressão profunda, culpa e um histórico familiar de sofrimento psiquiátrico, não “um anjo caído” ou que a foto é “tão icônica quanto Marilyn Monroe”.
Estudos mostram que a exposição detalhada a casos de suicídio aumenta o risco de efeito contágio, especialmente entre jovens. A Organização Mundial da Saúde tem diretrizes claras: nunca apresentar suicídio como algo “belo”, “sereno” ou “artístico”.
Evelyn McHale não merece ser lembrada como um ícone fashion de um suicídio “bem-sucedido”. A verdadeira beleza estaria em usar sua história para falar abertamente sobre saúde mental, prevenção ao suicídio e o peso do estigma psiquiátrico.
 

A matéria de página inteira da ravista Life com a foto de Evelyn McHale

 
 
 


















Fontes de pesquisa:  Revista Life, The Andy Warhol Museum, empire state building, New York Times

 

Gostou da publicação? Compartilhe esta matéria com os amigos.
Previous Posts
Próximo post

Related Posts:

  • All Post
  • Africa
  • America
  • ANTIGAMENTE
  • Arqueologia
  • Arquitetura
  • ARTE
  • Asia
  • Caricatura
  • CARTAZES
  • CATEGORIAS
  • CIÊNCIA
  • Colorização
  • ESCULTURA
  • Europe
  • FOTOGRAFIA
  • GUERRA
  • Ilustração
  • MUSEU HERMITAGE SP
  • Música
  • Panorâmica
  • Travel Tips

Saiba em primeira mão das publicações do Imagens e Letras Magazine. Inscreva-se e receba sua dose de história e arte diretamente na sua caixa de entrada!

Não fazemos spam!

Desde abril de 2007,  celebramos a arte em todas as suas formas — das grandes obras-primas aos pequenos gestos que moldam o olhar humano. Além da arte, os acontecimentos que marcaram a história, acreditando que cada traço, cada imagem e cada artista possuem o poder de inspirar e transformar o mundo.

Mais do que um blog sobre arte, este é um ponto de encontro entre passado e presente — um lugar onde a beleza, a memória e a reflexão caminham lado a lado. A criatividade humana não apenas retrata a realidade: ela a reinventa, e com isso, muda a sociedade.

Navegação Temática

Temas incidentais nas publicações

I am a tooltip

©2007. Criado e mantido por Olavo Saldanha