Aos vinte e poucos anos, já rivalizava com Leonardo da Vinci e Michelangelo — e muitos diziam que, entre os três, era ele quem melhor compreendia o equilíbrio perfeito entre razão e emoção. Michelangelo o invejava abertamente — e dizia que Rafael tinha “muitos olhos”, por ver a beleza em tudo. Às vezes, era chamado de Il divino , o divino, por seu domínio especializado do espaço e da proporção.
Raffaello Sanzio da Urbino ou Rafael Sanzio. Filho de um pintor da corte, cresceu cercado pela elegância das artes e, ainda jovem, dominava o ofício com uma serenidade que encantava mestres e príncipes.
Rafael foi o pintor da harmonia. Em suas obras, as figuras parecem respirar uma calma quase celestial: rostos delicados, gestos contidos, cores que se fundem com uma leveza impossível. A Escola de Atenas, pintada nos aposentos do Vaticano, é o seu manifesto — um desfile de filósofos, cientistas e artistas que, sob a sua mão, ganham uma majestade que ultrapassa o tempo.
Mas nem tudo foi serenidade. Rafael viveu intensamente: amado por papas, nobres e mulheres, morreu jovem, aos 37 anos, deixando Roma em luto. Diz-se que, em seu funeral, o corpo foi velado aos pés de sua Transfiguração, pintura que parecia antecipar sua própria passagem ao divino.
Seu nome virou sinônimo de perfeição clássica. “Depois de Rafael, nada mais há a aprender”, dizia um crítico do século XVI. E, ainda hoje, ao olhar para suas Madonas ou para os rostos idealizados de seus anjos, temos a sensação de que o mundo pode ser belo, equilibrado — e eterno, como sua arte.
A beleza de Rafael não se explica — contempla-se. E cada pincelada sua é um convite à eternidade.