Desde os primórdios da fotografia, o ser humano buscou formas de registrar não apenas o instante, mas também a amplitude de um cenário. Dessa inquietação nasceu a fotografia panorâmica, arte de capturar imagens em ângulos muito mais amplos do que a visão humana consegue abarcar em um único olhar.
Origens e primeiros experimentos
A fotografia panorâmica surgiu em meados do século XIX. Em 1843, o fotógrafo francês Joseph Puchberger patenteou uma das primeiras câmeras projetadas para panoramas, equipada com uma lente que girava sobre seu eixo. Já em 1857, o inglês William James Stillman registrou vistas de paisagens italianas em amplo formato, explorando a estética da extensão visual. A ideia era clara: proporcionar ao observador a sensação de estar imerso no ambiente retratado.
As primeiras câmeras panorâmicas funcionavam com mecanismos giratórios que permitiam à lente percorrer um arco sobre a chapa fotográfica. Mais tarde, vieram as câmeras de grande formato e, já no século XX, modelos como a Cirkut Camera, usada para retratos de grupos numerosos, desfiles e paisagens urbanas.
Com o avanço digital, as panorâmicas se popularizaram: bastou unir várias fotos por meio de softwares ou, mais recentemente, recorrer a smartphones que já possuem o recurso integrado. Hoje, câmeras como a Hasselblad XPan e sistemas de drones oferecem panoramas com resolução e precisão impressionantes.
“Em 1843, o fotógrafo francês Joseph Puchberger patenteou uma das primeiras câmeras projetadas para panoramas”
Ao longo da história, diversos fotógrafos se destacaram no domínio da fotografia panorâmica. O americano George R. Lawrence, no início do século XX, registrou vistas aéreas utilizando enormes câmeras suspensas por balões e pipas. No campo contemporâneo, nomes como David Hockney exploraram a técnica em colagens fotográficas, criando obras que misturam realismo e fragmentação.
No Brasil, fotógrafos como Cristiano Mascaro e Araquém Alcântara também exploraram a amplitude em paisagens urbanas e naturais, traduzindo a grandiosidade do território brasileiro em imagens de forte impacto.
A beleza da visão estendida
Mais do que um recurso técnico, o panorama é uma experiência estética. Ele amplia horizontes, revela detalhes invisíveis em uma fotografia comum e convida o espectador a mergulhar em uma narrativa visual mais completa. Seja o recorte de uma cidade iluminada à noite, a vastidão de uma cordilheira ou a curva suave de uma praia, a fotografia panorâmica nos lembra de como a arte pode expandir os limites do olhar humano.
No fim, o panorama é mais do que uma imagem: é a tradução da necessidade humana de compreender e abarcar o mundo em toda a sua grandeza
Fontes: Photography Life, The Library of Congress, B&H